1) Por que a vacinação é uma responsabilidade coletiva?
Muitas doenças têm sido controladas, e até erradicadas, graças ao extenso uso das vacinas. Quando se imuniza grande parte de uma população contra uma doença qualquer, reduz-se de maneira tão significativa a ciculação do agente infeccioso que mesmo aqueles que não receberam a vacina se beneficiam desta situação, e a proteção se estende a todos. Algumas pessoas não podem receber algumas vacinas por estarem em tratamento de tumores, transplantes ou ainda com comprometimento de seu sitema imune. Portanto, vacinar-se é uma atitude de prevenção individual, mas também um exercício de cidadania. Colaborar para que tenhamos altas coberturas é essencial para a saúde pública.
2) Por que, na sua opinião, as pessoas ainda não têm essa consciência?
É um conceito relativamente novo, e a experiência vem se acumulando com resultados em diversos países, inclusive o Brasil, onde controlamos o sarampo, a rubéola, eliminamos a varíola e a pólio. Muitas vezes a estratégia inclui imunizar adultos e adolescentes, como é o caso da coqueluche, pois justamente essas faixas etárias são as responsáveis pela manutenção da circulação do agente e transmissão do mesmo para bebês pequenos, em quem a doença é grave.
3) Quais são os mitos da vacinação que devem cair por terra?
Vacina não é só para criança! Talvez esse seja nosso grande desafio para uma mudança cultural. Hoje existem inúmeras vacinas destinadas a adolescentes, adultos, idosos, gestantes, viajantes, tabalhadores etc. As oportunidades de prevenção de doenças são inúmeras, e nossa população não tem ainda a consciência dessa importância. Outro mito preocupante é que as vacinas podem causar uma doença. Isso não existe. A vacina é feita para prevenir, e não causar doenças. Sua composição envolve fragmentos dos vírus ou bactérias, mortos ou enfraquecidos, e que não são capazes de causar doenças. Cada vez mais trabalhamos com vacinas seguras e com efeitos colaterais menores.
4) O que podemos fazer para ampliar essa consciência?
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM) hoje congrega profissionais de todas as áreas com interesse em vacinas e desenvolve inúmeras ações em educação continuada do profissional da saúde, no sentido de aprimoramento e atualização. Ao mesmo tempo, procuramos esclarecer a população sobre a importância e o valor que as vacinas têm na sáude. Vacinar é um ato de amor e de responsabilidade social: "Indivíduo imunizado, coletividade protegida!".
5) Quais são as principais vacinas que um adulto deve tomar?
Hoje dispomos de uma série de vacinas que todos os adultos deveriam receber e manter em dia em sua caderneta: hepatite A, hepatite B, sarampo, caxumba, rubéola, difteria, tétano, coqueluche, HPV, meningite, gripe, febre amarela e outras. Muitas delas estão disponíveis gratuitamente nos postos de saúde.
6) E as crianças?
Para as crianças, o leque de proteção é ainda maior: BCG, hepatite B, poliomielite, difteria, tétano, coqueluche, meningite por Hib, pneumococo, diarreia por rotavírus, meningite C, gripe, febe amarela, catapora, hepatite A, sarampo, rubéola, caxumba e HPV. Essas vacinas precisam ser aplicadas em várias doses, e felizmente muitas delas são combinadas numa mesma injeção, o que reduz muito o número de aplicações e aumenta a adesão da família ao calendário vacinal.
7) Como é a eficácia das vacinas nos dias de hoje?
As novas tecnologias permitem cada vez mais dispormos de produtos de mais alta eficácia com menores eventos adversos. Hoje podemos dizer que praticamente todas as vacinas apresentam eficácia superior a 90-95%, ou seja, são raros os indivíduos que não respondem adequadamente à vacinação.
8) Quais as inovações no setor tecnológico?
Os avanços não param, e em breve poderemos contar com vacinas contra a dengue, meningite B, malária e outras doenças. Estudam-se ainda vacinas contra a obesidade, o tabagismo, o mal de Alzheimer e várias outras doenças, mesmo não infecciosas. Realmente este é o século das vacinas.
9) Como ampliar a consciência das empresas para a responsabilidade coletiva da vacinação?
As empresas desempenham um importante papel na saúde do trabalhador, e as vacinas são parte integrante dessa busca pela saúde. As campanhas de vacinação contra a gripe, já tradicionais em muitas empresas, devem ser estendidas para outros produtos, como hepatite B, hepatite A, coqueluche, HPV, sarampo e outras. Está provado que a imunização reduz faltas ao trabalho e melhora a saúde e o rendimento do trabalhador, além de estender o benefício à saúde da família do mesmo. Além da proteção do funcionário, as empresas podem, e devem, contribuir para uma melhor condição de saúde da população da área onde elas atuam.
Nenhum comentário :
Postar um comentário