As psicodermatoses referem-se a qualquer doença de pele em que os fatores psicológicos
desempenham um papel significativo. Eles podem tanto desencadear as doenças como apenas agravá-las. Existem também os casos de transtornos de personalidade que resultam em doenças de pele auto infligidas.
“Nós sabemos que o sistema nervoso central e a pele têm a mesma origem embrionária, então é bastante comum a relação do cérebro com a pele. Porém, como isso acontece, a medicina ainda não sabe”, relata a doutora em dermatologia pela Universidade de Londres Regina Schechtman, membro da Academia Americana de Dermatologia.
Segundo a dermatologista Andrea Taira, da Clínica Liliane Oppermann, além dos pacientes com quadros ansiosos ou depressivos prévios, as mulheres são mais suscetíveis às psicodermatoses. “Estudos apontam que, em média, 40% dos pacientes que procuram o dermatologista têm algum problema emocional. A ansiedade e o estresse vêm aumentando consideravelmente na população”, alerta.
De acordo com ela, os fatores emocionais que mais comumente afetam a pele são ansiedade, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo, esquizofrenia e hipocondria. Veja alguns exemplos:
Psicodermatoses que são agravadas pelo estado emocional
Diz respeito aos quadros que apresentam piora dependendo do estado emocional do paciente. Elas incluem dermatite atópica (inflamação crônica da pele que provoca coceira e escamação), acne (problema reportado por muitos adultos em situações de estresse ou tristeza), dermatite seborreica (caspa), psoríase (inflamação crônica da pele que provoca coceira e escamação e é caracterizada pelo aparecimento de placas, principalmente nos cotovelos, joelhos e couro cabeludo) e herpes.
Psicodermatoses que são desencadeadas pelo estado emocional
É quando as alterações emocionais são a causa direta do surgimento da doença. Dentre as mais comuns estão hiperidrose (sudorese excessiva e constante), urticária (surgimento de vergões vermelhos e inchados na pele), vitiligo (surgimento de manchas brancas na pele, especialmente nas genitais, cotovelos, joelhos, face, pés e mãos), prurido (também conhecido como comichão, é uma irritação de pele que provoca coceira) e alopecia areata (queda de cabelo em placas, geralmente em áreas arredondadas).
Segundo Dra. Regina, algumas dessas doenças, como a urticária, o prurido e o vitiligo, apesar de poderem ser desencadeadas por distúrbios emocionais, só se manifestam em pessoas com predisposição genética. “O vitiligo é altamente genético, mas está relacionado a alguma perda, geralmente familiar”, explica.
Psicodermatoses que são auto infligidas
São as doenças de pele causadas pelo próprio paciente devido a transtornos psiquiátricos. Incluem escoriação neurótica (impulso de causar ou agravar lesões na própria pele, coçando, arranhando ou picando com unhas, dedos e outros objetos e podendo até gerar úlceras), dermatite artefacta (ímpeto de provocar feridas na pele através da coceira sem que o paciente admita o fato), tricotilomania (hábito de arrancar os cabelos de forma compulsiva bastante comum em crianças e adolescentes), ilusão parasitária (quadro em que o paciente tem a falsa impressão de que há bichos percorrendo seu corpo e acaba picando e arrancando a pele em uma tentativa de pegá-los) e dismorfofobia (distorção da imagem corporal que leva o paciente a se considerar feio e a procurar tratamentos cosmiátricos com muita frequência).
Acompanhamento psicológico
Segundo Dra. Andrea, o tratamento da condição psicológica pré-existente traz benefícios na grande maioria dos casos. Nos quadros em que o distúrbio psiquiátrico é a causa da doença (psicodermatoses auto infligidas), ele é indispensável.
Dra. Regina explica que, nestes casos, o dermatologista irá perguntar ao paciente de que forma aquela ferida ou lesão aconteceu e, se ele negar que infligiu em si mesmo, deve ser encaminhado a um psiquiatra. “Os episódios de dermatite artefacta são uma tentativa do paciente de conseguir a atenção da família. Portanto, o caso está fora da minha alçada como dermatologista”, exemplifica.
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