Aumento do número de pessoas com tatuagem e piercing gera polêmica no mercado de trabalho
Uma flor na nuca, um dragão colorido no braço, uma bola de metal na ponta da língua. Discretos e chamativos, tatuagem e piercing, que um dia foram símbolo de rebeldia, ganham, a cada dia, mais adeptos – inclusive no mundo corporativo. E provocam, entre chefes, as mais diferentes reações. Por isso, segundo especialistas da área de Recursos Humanos, antes de decidir usar uma tatuagem ou um piercing, o profissional deve fazer uma avaliação do grau de conservadorismo de sua área de atuação.
Em áreas mais novas, como internet, telecomunicações e publicidade, o visual pode ser comum. Mas instituições com um perfil mais sóbrio, como bancos, escritórios de advocacia, hotéis e hospitais estão atentos à formalidade na apresentação do funcionário.
Empresa foi denunciada por discriminação no Paraná
“A tatuagem e o piercing ainda são associados, por alguns chefes mais conservadores, à excentricidade. Minha recomendação para alguém que deseja conquistar uma vaga é evitar esses adornos em lugares visíveis. Pode até haver neutralidade ou tolerância em relação ao assunto, mas ninguém será contratado porque é tatuado” – diz a diretora-executiva da Dasein Assessoria Empresarial, Adriana Prates.
A procuradora e coordenadora do Núcleo de Defesa dos Direitos da Personalidade do Ministério Público do Trabalho do Rio, Lisyane Motta, destaca que ninguém pode ser discriminado por ter tatuagem ou piercing.
“Recentemente, no Paraná, uma empresa foi denunciada por empregados, pois estabelecia normas em relação a vestimentas e acessórios, entre elas a proibição de tatuagens e piercings. Os funcionários entenderam que o empregador só poderia exigir asseio pessoal.”
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Ainda que as empresas não divulguem a proibição do uso de tatuagens e piercings, o critério pode acabar sendo usado na hora da contratação. É o que destaca Lisyane Motta, do Núcleo de Defesa dos Direitos da Personalidade.
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Acreditando que a mente dos chefes mudaram, o fisioterapeuta André Lauria decidiu, há dois meses, fazer uma tatuagem num local do corpo aparente: o antebraço. Lauria, que é fisioterapeuta do time de futebol da Universidade Estácio de Sá, estava empregado há apenas um mês na clínica Fisiobarra, também da instituição.
“O diretor da clínica se surpreendeu e comentou que eu não deveria ter feito num local tão exposto, pois poderia chocar os pacientes. Mas frisou que minha competência estava acima disso. E a tatuagem, que é meu sobrenome, não transmite rebeldia. É uma exaltação à minha família.”
Segundo pesquisa, 70% dos que se tatuam são mulheres.
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O fato é que, hoje em dia, as tatuagens vão muito além do universo dos velho marujos. Caio Freire, um dos mais antigos tatuadores do Rio e presidente da Associação de Tatuadores da cidade, conta que hoje seus clientes são executivos, médicos e juízes. O presidente do Sindicato dos Tatuadores e Bodypiercing Profissionais do Estado do Rio, Alexandre Oazen, diz que uma pesquisa mostra que o número de pessoas que se tatuam dobrou de 2001 para 2004. E que 70% são mulheres.
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Fonte – Jornal O Globo – Caderno Boa Chance – 01/05/2005
Retirado do Site:http://direm.estacio.br/noticias/arquivo2005/0905_tatoo.asp
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